BTG Global Managers Conference – Emerging Markets

São Paulo, 22 de julho de 2020.

Painel com Mark Mobius, fundador da Mobius Capital Partners, Brendan Ahern, Diretor de Investimentos da KraneShares, e moderado por Will Landers, Head de Equities do BTG Pactual AM. Tema do painel é “The Future of Emerging Markets”.

·         Como Mark Mobius enxerga o panorama atual?

o    Recuperação é em “V” desde março nos mercados desenvolvidos. Isso será duplicado nas economias no final desse ano e começo do próximo.

o    O mercado sempre precisa escalar “the wall of worry” para que ele possa subir. Mesmo que os mercados emergentes tenham avançado 30% esse ano desde o pior momento da crise em março, as notícias continuam negativas.

o    Governos dos mercados emergentes lidaram mal com a crise. Deveriam ter seguido a Alemanha e exigido uso de máscaras e distanciamento social para que as pessoas pudessem voltar a trabalhar e a economia reabrir.

o    A recuperação na qual nos encontramos hoje irá durar. A próxima onda não terá um impacto.

o    “EM industries are leap-frogging from nothing to something” – a pandemia acelerou diversos processos de transformação, especialmente nos mercados emergentes.

·         Ahern compartilha suas perspectivas sobre o cenário:

o    As experiências da população asiática com outras pandemias nas últimas décadas os ajudaram a lidar com essa. Teve uma maior aderência por parte da população às regras de lockdown impostas pelos governos. Casos de “sucesso”: China, Coreia do Sul, Taiwan, Vietnã.

o    Essa efetividade lhes permitiu reabrir a economia mais rapidamente.

o    Ele acredita que certos hábitos formados durante a quarentena irão permanecer no pós-pandemia.

o    Está otimista com relação aos balanços de resultados desse 2Q20.

·         Mobius acredita que os picos recentes dos mercados globais, inclusive os de emergentes, serão superados no próximo ano por causa da injeção de liquidez abundante vista esse ano. Acredita também que o mercado de ações vai entregar uma performance superior ao mercado de renda fixa.

·         Ahern enxerga a crise como um grande catalisador para os mercados chineses que têm cada vez mais empresas de tecnologia e inovação listadas. O índice MSCI ACWI, por ser constituído em sua maior parte com low-growth value equities, não performou tão bem quanto o mercado chinês, impulsionado por essas empresas tecnológicas (high growth equities impulsionaram os mercados mundo afora durante a crise), o que atrai o investidor para esse mercado em busca de retornos superiores.

·         Distribuição da carteira por regiões, setores:

o    Mobius | Sua maior alocação hoje é na China. Depois, em ordem, tem Índia, Brasil, Turquia, África do Sul, Coreia e Taiwan. Em termos de indústria, ele tem bastante alocado em hardware tech companies. Ao mesmo tempo, enxerga positivamente aquelas empresas de negócios/indústrias tradicionais que têm adaptado tecnologias para aumentar suas capacidades. Exemplo que usou foi a B2W no Brasil, empresa que adotou online selling para seu negócio de varejo, as Lojas Americanas – “off-line to online”. Outra área que eles têm focado é HC, como os serviços de exames laboratoriais/testes médicos.

o    Ahern | Menciona os segmentos Fintech (especialmente carteiras físicas sendo substituídas por celulares como meio de pagamento), Gaming, Mídias Sociais, e-commerce e EAD.

·         Ambos tocaram no ponto que nada acontece na China com cash ou cartões de crédito. Hoje é tudo no celular – sua carteira de motorista fica no celular e você só paga um jantar em Beijing com o celular.

·         China faz seu próprio R&D in-house, ou não? Qual o nível hoje?

o    Mobius | A guerra comercial está fortalecendo a China em certos pontos. Tem empurrado a China a desenvolver mais tecnologias, tornando-se mais autossustentável. Precisam disso por causa das transformações demográficas que eles têm passado por – não conseguirão exportar bens de baixo custo para sempre, precisam da tecnologia para continuar crescendo. Muito do R&D hoje já é “homegrown.

o    Ahern | Empresas estão muito bem posicionadas. Tem vantagens estruturais em alguns de seus negócios. Google por exemplo nunca conseguiu destronar a Alibaba na China e “Ant Financial’s prospective IPO makes Paypal’s look like a rounding error” – cases que apontam que a China tem produtos diferenciados. A entrada da China no WTO em 2001 desenvolveu suas capacidades, junto com os investimentos em sua infraestrutura. 60% da população agora vive nas cidades.

·         A guerra comercial apresenta oportunidades para todos os mercados emergentes coexistirem em um mundo “bi-globalizado” – um liderado pelos EUA e outro pela China?

o    Mobius | Empresas chinesas se mudaram para outras regiões de baixo custo operacional, como Bangladesh, que mantém bom acesso aos mercados americanos, em resposta a guerra comercial. Os EM estão se beneficiando dessa guerra comercial: A Samsung se mudou para o Vietnã, assim como diversas outras fábricas de bens chinesas. Em contrapartida, mercados da América do Sul (e Brasil especialmente) contam com altas barreiras de entrada, como leis trabalhistas rigorosas, que afasta indústrias estrangeiras.

o    Ahern | As fábricas continuarão na Ásia por causa do tamanho daquele mercado – são 4 bilhões de pessoas vs. EUA com apenas 300 milhões vs. AL com 1 bilhão apenas. Benefício para a AL é o apetite chinês por matéria prima, enquanto para a AL é a capacidade chinesa em construir e desenvolver infraestrutura.

·         ESG

o    Mobius | Empresas com notas superiores em critérios ESG entregam retornos superiores aos seus pares com notas inferiores em ESG. Criaram 144 pontos de atuação sobre o tema para usarem durante seus levantamentos com as empresas. A Mobius tem se afastado de investimentos em materiais por causa dos problemas relacionados ao Meio Ambiente.

o    Ahern | Empresas chinesas estão bem envolvidas nesse tema atualmente. Sob a ótica setorial, investimentos em ESG se beneficiaram na crise por estarem mais correlacionados com empresas de tecnologia, as quais estão puxando os mercados nesse ano. Se fosse o contrário, talvez não estaríamos comentando tanto no assunto.

·         Mobius comenta que aquelas empresas cujos fundadores continuam como o CEO e figura central, tendem a gerar retornos maiores. Porém, isso é um fator negativo no critério ESG: Ahern comenta que a nota nesse quesito de governança do ESG tende a ser inferior para as empresas chinesas que mantiveram o fundador como o CEO.

·         Há muitos ataques verbais e falas pomposas, mas nenhuma ruptura de fato aconteceu nas relações comerciais China-EUA esse ano (pós 1ª fase do acordo comercial). A China gostaria de manter as perspectivas mundiais sobre Hong Kong como um hub financeiro.

·         Mobius: “Don’t let bad news scare you; EM will continue to grow at a faster rate than developed countries”.

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