BTG Global Managers Conference – Global Outlook

São Paulo, 21 de julho de 2020.

Call com Robert Higginbotham, CEO da T. Rowe Price, Cliff Asness, Co-fundador da AQR Capital, e Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual. Tema do painel é “Global Outlook: Moving to a new normal global economy”.

·           Como que vocês enxergam a evolução da indústria de gestão de ativos?

– Robert | Visão bastante bullish para o longo prazo, apoiado nas necessidades das pessoas em poupar e investir visando suas aposentadorias, e por serem um critical player nesse mercado.

– Cliff | Segue essa mesma visão de “defensive asset management”, aonde os gestores existem para alocar recursos para as oportunidades certas – essas são suas funções no mercado, seus “produtos”. Sobre mudanças em si, ele comenta que a expansão dos ETFs e fundos de índices no mercado podem impactar os gestores ativos no curto prazo negativamente, mas que isso não se sustentará no longo prazo e haverá um equilíbrio; e o panorama ESG se torna cada vez mais presente, agora especialmente nos EUA.

·           No Brasil, há 3 transformações ocorrendo na indústria: ESG, financial deepening e financial distribution.

·           As tendências vistas com ETFs continuará ou gestores ativos continuarão a gerar valor e esse panorama se estabilizará?

– Robert | Investimentos passivos compõem um portfólio diversificado. Funcionam como um espelho para os gestores ativos se concentrarem em gerar valor. ETFs foram uma evolução natural do passive mutual fund.

·           Quais são as áreas de crescimento que a AQR está interessada?

– Algumas tendências dos investidores mudam muito pouco ao longo dos anos, se é que mudam.

– A adoção de novas ferramentas e tecnologias é o que se faz mais presente, como Natural Language Processing, Big Data – embora todas são muito experimentais no mundo financeiro ainda.

– Enxerga o mercado de Renda Fixa como uma oportunidade fascinante para investidores quant. Acredita que ainda é pouco desenvolvido (vs. equities) e tem potencial de crescimento.

– Fora isso os temas se repetem: valuequalitymomentumlow-risk investing….

·           A AQR já incorporou parâmetros de ESG nos seus modelos quants?

– Sim. São parâmetros que ajudam a definir investimentos com retornos superiores, mesmo se eles pouco se importassem com os impactos positivos do ESG e focassem apenas nos ensinamentos de Milton Friedman, por exemplo.

– Enxerga gestores ativos com uma vantagem sobre seus pares passivos devido a subjetividade dos fatores ESG e a dificuldade de quantificá-los e testá-los – “you can’t apply something you can’t test”.

·           Como a T. Rowe enxerga o impacto da pandemia nessa tendência ESG?

– Aumento expressivo da realização e consumização dos assuntos climáticos, mesmo que estes existam há décadas. Ponto de inflexão na discussão.

– Empresas small-, mid-cap growth têm se sobressaído nos fatores ESG.

– Estar certo e se sentir bem com isso é um diferencial expressivo para se investir em ESG nos dias de hoje.

·            O quão efetivas são as estratégias sistemáticas nesses mercados voláteis de hoje para a AQR?

– Bom ano para investimentos nos fatores de baixo risco e qualidade. Isso é diferente de value investing no sentido descrito por Graham-Dodd, um tema de investimento que não teve boa performance esse ano.

– O ponto principal de quant/systematic investing é que esse se sobressai em períodos de vieses populacional, aonde pessoas tomam como pressuposto os últimos 5 anos de acontecimentos como constantes para sempre.

– Se perguntam se a evidência sobre o longo prazo mudou; se conseguem “time these strategies”. O cenário dos sonhos é estar no lugar certo na hora certo, mas o mais difícil é acertar o timing.

– Falta de dados para backtesting para eventos de cauda como esse é um dificultador.

·           Quantos olham para as mudanças de hábitos, e não necessariamente as causas.

– Nessas estratégias, não é necessário um “winner takes all economy”, mas sim o quanto você consegue prever o crescimento e a perpetuidade.

– Cliff não aposta na natureza humana mudando, mas sim, no mundo em sua volta evoluindo.

·           Ambos dividem preocupações com o volume de disclosures e normas que regulam os mercados sobre o pretexto de proteger os investidores.

– Concordam com algumas normas, entendem que isso se faz necessário e que ter transparência é algo bom. Mas, ao mesmo tempo, esse fácil acesso aos produtos não é algo positivo.

– Ponto central deveria ser aumentar o engajamento com o investidor e não apenas democratizar o acesso aos investimentos e ter proteções para o investidor.

– Exigir muitas notas de disclosure faz com que ninguém as leia e isso se torne banal. Um exemplo são os termos de condições em sites que ninguém lê e apenas clica em “Aceitar”.

·           O mundo é ineficiente no curto prazo, mas eficiente no longo prazo.

·           Visões do mercado.

– Cliff | Não operam em cima de calls macro, mas sim sobre a exposição ao comportamento humano caminhando em certa direção. Fora isso, enxerga o mercado mais otimista do que ele está, vê os juros baixos permanecendo por muito tempo, e não consegue compreender a dimensão das medidas fiscais e a injeção de liquidez no mercado – é algo sem precedentes na política econômica americana e que está saindo do controle. “If something can’t go on forever, it won’t”.

– Robert | Dados de PMIs, PIBs, e recuperação chinesa, entre outros fatores, como o novo lockdown parcial em Hong Kong por causa do aumento de casos do vírus, o deixa mais receoso e menos otimista. Ninguém sabe se será uma recuperação em V, W, L…

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