TAG INVESTIMENTOS ESPERA VER JÁ HOJE ANTECIPAÇÃO DO PLACAR DE 2/3 DOS VOTOS PRÓ IMPEACHMENT

São Paulo, 11/05/2016 – O jogo na votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff hoje no Senado já está para um placar de 54 votos, aprovação de dois terços dos senadores. Esse quórum só seria necessário na segunda votação depois da investigação pelo Senado após afastamento da presidente por 180 dias. A previsão é do economista André Leite, sócio da Tag Investimentos. Leite não vê ainda o mercado precificando esse placar nos ativos. “Como dizia o saudoso Roberto Campos, no Brasil, até o passado é incerto. O mercado sabe que em política sempre pode acontecer alguma coisa de última hora, (como) um ‘Waldir Maranhão'”, disse.

O ato de impeachment da presidente Dilma, segundo o sócio da Tag Investimentos, está consumado. Mas o investidor estrangeiro não veio ainda. À medida em que os atos forem acontecendo é que eles vão voltar. “Dinheiro para investir tem. Mas antes do investidor chegar terá de vir um bom ministério, boas medidas a aprovação delas no Congresso. Temos uma visão positiva em relação a isso”, afirmou Leite.

O economista acredita que os trâmites das medidas encaminhadas por um eventual governo de Michel Temer ao Congresso serão mais fáceis porque o possível futuro presidente tem mais trânsito entre os congressistas. “Pela ocasião da votação do impeachment na Câmara, Temer reuniu em uma única noite em um jantar 80 deputados dos diversos partidos. Dilma não conseguiu se reunir com 80 deputados ao longo de seus seis anos de mandato”, lembrou Leite.

Perguntado se os nomes mais cotados para compor o ministério de um eventual governo Temer não estão deixando a desejar em termos de notabilidade, o sócio da Tag Investimentos disse que não adianta ter um ministério ocupado por notáveis como era o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy que, segundo ele, conseguiu aprovar quase nada no Congresso”.

“Não adianta ter 25 notáveis ou 25 ‘Joaquins Levy’ que não aprovam nada. É preciso um notável, como Henrique Meirelles, com seus notáveis e soldados políticos nos demais ministérios”, disse Leite. Ele diz não acreditar que o Partido dos Trabalhadores (PT) vá fazer “barulho suficiente” para atrapalhar o bom andamento de um eventual governo Temer.

“Ontem eles conseguiram bloquear algumas estradas, mas deu para ver que era um grupo de gatos pingados. Mas com o tempo isso vai sendo reduzido com o uso da lei”, afirmou o economista. Ele diz enxergar a oposição cada vez menor. “Senta que o leão é manso. O próprio senador petista Humberto Costa já disse à Coluna do Estadão que está vendo pela frente uma oposição do PT mais propositiva”, disse.

Independência do BC
Para Leite, há boa chance de o Banco Central conseguir sua independência com mandatos definidos de seus diretores com as presenças de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda e Ilan Goldfajn no comando da autarquia. “Há uma boa chance de isso sair por uma questão bem simples. Quando tem medidas indesejáveis em um ano de eleição, quem as toma não é eleito”, disse.

E para Leite, dar independência ao BC é o mesmo que dar poder para alguém tirar o seu prato de comida, como mostrava uma propaganda da campanha eleitoral petista em 2010. “Só que o Temer não vai concorrer à eleição para presidente em 2018”, sinalizando que o vice-presidente da República poderá tomar todas as medidas indesejáveis que achar necessárias.

A Tag Investimentos trabalha com um cenário benigno para a inflação em decorrência da queda do dólar e abertura de espaço para o BC cortar juros. De acordo com o economista, o dólar deverá caminhar para algo entre R$ 3,10 e R$ 3,20 num prazo de 90 a 120 dias. “Depois o mercado o puxará paulatinamente para cima. Hoje talvez, o dólar de equilíbrio seja entre R$ 3,60 e R$ 3,70”, avalia.

Para o PIB, a previsão do economista é de uma queda de 3,5% neste ano e crescimento de 0,5% a 1% em 2017. “83% do PIB é consumo e investimentos, variáveis que voltarão a crescer quando a confiança começar a voltar”, previu. Para ele tem outro motivo favorável que é a indicação pelos modelos do BC de que no ano que vem já teremos superávit fiscal de 1% a 1,2% do PIB. (Francisco Carlos de Assis – francisco.assis@estadao.com)