22/03/2021 às 10h04

Susto com Turquia abranda e dólar comercial desacelera alta


Moeda americana opera na faixa de R$ 5,50
 

Por Marcelo Osakabe | Para o Valor de São Paulo

O dólar comercial opera em alta firme nesta segunda-feira, mas longe das máximas do dia, à medida que agentes econômicos vão digerindo a mudança surpresa no comando do banco central da Turquia. Por volta das 16 horas, a moeda americana avançava 0,42%, a R$ 5,5053.

Outros pares emergentes e até a lira turca também recuperam terreno – dólar avançava quase 0,4% contra o peso mexicano, 1% frente ao rublo russo e 7,8% ante a lira turca.

Embora sofra de uma série de problemas domésticos, o Brasil tem fundamentos mais sólidos que os da Turquia e, portanto, tem chance mais baixa de sofrer um contágio da nova crise de confiança do investidor que se instalou na Turquia após a troca de comando do banco central do país. A avaliação é do sócio e gestor da TAG Investimentos, Dan Kawa.

“A situação da Turquia é muito distinta da do Brasil. Eles têm problemas com contas externas e um nível de reservas internacionais bem pior, apenas US$ 10 bilhões em reservas líquidas”, diz o profissional, se referindo à métrica para reservas que efetivamente podem ser usadas de imediato para estancar sangrias no câmbio. “Além disso, não é a primeira vez que o mandatário do país faz uma mudança na diretoria do BC por discordar do corpo técnico. No Brasil, a despeito dos ruídos políticos, temos um BC que é independente de fato e tem credibilidade – está subindo juros agora que o cenário mudou.”

Desde a madrugada de sexta-feira passada, quando foi anunciada a saída de Naci Agbal, presidente do BC turco, o dólar acumula uma alta de 7,72% ante a moeda do país, um refresco em relação ao avanço de 17,51% que chegou a apresentar no domingo. Para Kawa, é natural que, em momentos de forte volatilidade como este, os ativos emergentes fiquem sob pressão, ainda que pontual.

“Quando ocorre uma depreciação dos ativos da magnitude do que temos visto na Turquia, é natural que alguns investidores que só investem em ativos emergentes sejam obrigados a reduzir sua exposição a outros países para se ajustarem a métricas de risco e volatilidade. Ainda assim, esse episódio não será de contágio como vimos em 2018 também com a Turquia, ou em 2016 com a China, ou na crise dos tigres asiáticos.”