02/01/2020 às 16h49

Juros futuros têm leve queda no primeiro pregão do ano

O DI para janeiro de 2021 saiu de 4,56%, no ajuste anterior, para 4,52%, já o DI para janeiro de 2025 passou de 6,43% para 6,41%

Por Lucas Hirata | Para o Valor de São Paulo

Os contratos futuros de juros deram a largada no ano de 2020 com oscilações contidas, numa sessão de poucos catalisadores para dar direção às apostas, nesta quinta-feira (2). O ambiente global de busca por ativos de risco, com a proximidade de um acordo comercial de “primeira fase” entre Estados Unidos e China, favoreceu alguma queima de prêmio nas taxas. No entanto, o movimento ainda foi bem lento, enquanto, domesticamente, os participantes do mercado monitoraram indicadores de inflação e perspectivas de crescimento do Brasil.

No fechamento da sessão regular desta quinta, às 16h, o DI para janeiro de 2021 saiu de 4,56%, no ajuste anterior, para 4,52%, enquanto que o DI para janeiro de 2022 caiu de 5,28% para 5,26%. Já o DI para janeiro de 2023 foi de 5,79% para 5,78%, e o DI para janeiro de 2025 passou de 6,43% para 6,41%.

De forma geral, o bom desempenho de ativos de risco, hoje, veio após a declaração do presidente americano, Donald Trump, de que deve assinar um acordo comercial de “primeira fase” com a China no próximo dia 15. Além disso, o corte do compulsório anunciado pelo banco central chinês (PBoC na sigla em inglês) levou ânimo adicional aos investidores. As novidades melhoram a perspectiva para o crescimento global, incentivando a busca por rentabilidade em todo o mundo.

Já por aqui, o principal tema no âmbito doméstico para 2020 está associado ao ritmo de aceleração da atividade econômica, num ambiente de maior confiança dos participantes do mercado. Essa é a avaliação dos analistas da Macro Capital, que veem a inflação ancorada e abaixo do centro da meta no fim de 2020. “Nesse ambiente, há espaço para redução adicional da taxa Selic, como um seguro adicional para estimular a economia, e sua estabilidade nesse patamar durante o restante do ano”, afirmaram os analistas.

O que dá algum alívio para a perspectiva de inflação contida é a desaceleração nos índices de preços. Divulgado hoje, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) voltou a desacelerar, para 0,77%, na medição do encerramento de dezembro, vindo de 0,86%, na imediatamente anterior, a terceira do mês. Com esse resultado, o indicador acumula alta de 4,11% no ano e 4,11% nos últimos 12 meses.

Com isso, é reforçada a leitura de que os saltos nos índices de preços nos últimos meses, em decorrência de fatores como o aumento dos preços da carne, foram choques — não algo estrutural que pudesse abalar o cenário. Dessa maneira, as atenções tendem a se concentrar na atividade econômica.

Os profissionais da Tag Investimentos afirmaram que ainda pode haver espaço para quedas adicionais da taxa Selic, mas “este cenário começa a perder probabilidade, à medida que vemos uma retomada do crescimento e algumas poucas e incipientes pressões inflacionárias”. Para eles, a manutenção da Selic no seu menor patamar histórico já será um enorme benefício para a economia e aos mercados locais. “Seria uma grande surpresa uma eventual alta moderada da taxa Selic”, acrescentaram.

“Não podemos esquecer que os ciclos de política monetária não foram abolidos. Em algum momento um crescimento mais alto irá reduzir a capacidade ociosa da economia e promover pressões altistas na inflação. A diferença, nós esperamos, é que com um quadro fiscal bem organizado, os ciclos de alta serão mais modestos, ou ‘ajustes finos’ nas taxas de juros, ao contrário dos ‘choques de juros’, necessários no passado”, afirmaram os profissionais da Tag.