07/11/2019 às 17h11
Juros baixos vieram para ficar e só resta buscar alternativas, dizem gestores
Por Júlia Lewgoy | Valor Investe
Os juros mais baixos vieram para ficar e só resta aos investidores buscar alternativas para ter retornos atrativos, segundo grandes gestores do mercado. Na renda fixa, a sugestão para ganhar mais é investir em títulos de prazos mais longos, novos produtos como os fundos negociados em bolsa (os ETFs), fundos de gestores experientes ou crédito privado. Na renda variável, a recomendação é aplicar em bolsa ou fundos imobiliários.
“Nunca tivemos um momento em que a economia estivesse estável e o juro, baixo, e isso muda completamente o país. É uma mudança de paradigma”, afirmou Luiz Fernando Figueiredo, CEO da gestora Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central, nesta quinta-feira (7), durante um evento da Tag Investimentos, em São Paulo.
Segundo o gestor, já passou o tempo em que era confortável investir em títulos atrelados à inflação, antigamente chamados de NTN-Bs, que rendem a inflação mais uma taxa de juros prefixada.
“Pode ser que ainda tenha algum espaço, mas o grosso já foi, o que nos faz repensar se deveríamos manter um volume enorme investido nesses papéis. Minha visão é que não”, afirmou. “As NTN-Bs de prazo mais longo ainda têm algum prêmio, mas não me parece que você possa e deve colocar suas fichas nisso.”
Correr riscos é a alternativa que sobrou, segundo Figueiredo. Ele recomenda investir em ativos relacionados à chamada “economia real”, como crédito privado, imóveis e ações.
Já Eduardo de Carvalho Moreira, sócio-fundador da Pacífico Gestão de Recursos, aconselha os apegados à renda fixa a investir em fundos de investimento especializados e em novos produtos, como os ETFS de renda fixa, além de alongar os prazos dos títulos. “O mercado vai começar a se desenvolver a partir de agora”, disse.
Para Moreira, a queda de juros é fruto de melhorias macroeconômicas feitas desde os anos 1990. “Ciclos econômicos sempre existirão, especialmente no Brasil, onde há eleições de quatro em quatro anos, mas os juros mais baixos vieram para ficar”, disse.
Além das condições no país estarem favoráveis, os juros no Brasil também caem para acompanhar o movimento no mundo. Para Figueiredo, a queda de juros no mundo acontece porque a inflação está mais baixa por dois motivos principais. Primeiro, porque pessoas mais velhas consomem menos e geram menos inflação e, segundo, porque o setor de serviços fica mais acessível e barato com a tecnologia e pressiona menos os preços.