08/07/2021 às 17h38

Forte correção global derruba Ibovespa

Ações com grande peso no índice, como Vale, Petrobras e bancos, foram penalizadas pela aversão ao risco global

Por Lucas Hirata | Para o Valor de São Paulo


Em um ano marcado pela sequência de recordes nas bolsas globais, os investidores começam a notar pontos de atenção no cenário e embolsam lucros para enfrentar momentos de cautela. Esse foi o pano de fundo para a firme queda do Ibovespa, que caiu do início ao fim do pregão, puxado por pesos-pesados como Vale, Petrobras e bancos, em meio à pressão generalizada contra ativos de risco.

O Ibovespa fechou em queda de 1,25%, aos 125.428 pontos, depois de tocar 124.310 pontos na mínima do dia. O giro financeiro foi de R$ 22,117 bilhões. Poucas ações conseguiram resistir à onda de vendas: do total de 84 papéis no índice, 7 conseguiram terminar em terreno positivo.

Com isso, o índice acumulou queda de 1,72% na semana mais curta. Amanhã, a bolsa não abre por causa de feriado em São Paulo.

O tombo no mercado local espelha a onda de vendas de ações no exterior, sob efeito de uma combinação de dados mais fracos dos EUA, preocupação com o ritmo de crescimento da China, recuo dos juros dos Treasuries e avanço da variante delta do coronavírus. Todo esse quadro força uma firme realização de lucros, embora analistas e gestores afirmem que não se trata de uma reversão de um quadro econômico positivo no mundo.

“As bolsas globais andaram muito recentemente, algumas delas atingiram novas máximas históricas, e o mercado já estava há algum tempo sem conseguir realizar lucros. Agora aparecem vários vetores que já estavam no radar, de maneira separada, mas juntos justificam o ajuste”, afirma o diretor de investimentos da TAG, Dan Kawa.

Para ele, o movimento de hoje se trata de uma correção. “Olhando as bolsas globais, algo entre 5% e 15% ainda é uma realização de lucros normal. Ainda é cedo para falar de uma mudança de tendência”, acrescenta.

Todo esse quadro acaba afetando o Brasil com mais intensidade, por causa de mazelas locais. Hoje, entre os papéis com maior peso no índice, Petrobras ON caiu 1,98% e Petrobras PN cedeu 2,00%. Já no setor bancário, Itaú PN perdeu 1,31%; Bradesco ON recuou 1,42% e Bradesco PN teve baixa de 1,17%.

O gestor do Opportunity Total Marcos Mollica explica que sua exposição ao Brasil já vinha baixa. “Estávamos aumentando na margem, mas muito cautelosamente. Depois do anúncio da reforma tributária, abortamos o processo para acompanhar os desenvolvimentos”, diz Mollica, ao ponderar que ainda vê um cenário futuro positivo.

“Ainda acho que o Brasil tem mais espaço para melhorar, quando este ruído diminuir. Acredito que a reforma vai ser revista, como sinalizado pelo ministro Paulo Guedes, e o Congresso vai resistir a qualquer aumento de carga tributária”, conclui.

Depois dos piores momentos de pressão do dia, algumas ações voltam a testar altas. É o caso de empresas que estão mais ligadas ao cenário doméstico e que foram duramente penalizadas pela apresentação da nova etapa da reforma tributária. No setor de shoppings, Iguatemi ON ganhou 1,74%; BR Malls ON subiu 0,50% e Multiplan ON ganhou 0,13%. Ainda entre os cinco maiores avanços do dia, Lojas Renner ON avançou 0,34% e BR Distribuidora ON ganhou 0,21%.

Do lado negativo, ficaram CSN ON, com queda de 4,42%; Sul América Units (-3,92%); Weg ON (-3,69%); Locaweb ON (-3,56%); e Tim ON (-3,44%).