Dólar lidera ganhos no mês, mas não vale o risco

Por Adriana Cotias | De São Paulo

O dólar foi o ativo que despontou na liderança das aplicações em novembro, com ganhos nominais de 6,23 e real de 5,88%, mas após flertar com os R$ 3,40, talvez já não seja uma posição que renderá ganhos para os investidores.

Para André Leite, sócio da Tag Investimentos, a moeda nesse nível é o valor que já embute uma nova orientação de política econômica nos Estados Unidos de Donald Trump e, portanto, tende a não ser uma boa opção.

O Banco Central (BC) tem um cheque grande para intervir no mercado de câmbio e, por isso, a moeda não teria muito mais a ganhar, acrescenta Carlos Fagundes, da Integral-Trust.

Já o posicionamento em bolsa é indicação comedida porque a valorização observada até aqui (42,8% nominais no ano) do Ibovespa não foi acompanhada por melhoras na economia real ou no lucro das empresas.

O valor das ações se descolou da atividade econômica, que não mostrou a reação que os investidores anteciparam no mercado, diz Leite. “É melhor botar o dinheiro no bolso e esperar sinais mais concretos da economia real”, afirma. “Quando se olha para preço/lucro e outros indicadores, os ativos ficaram caros e o lucro das empresas não andou.”

Com a cena política local e externa ainda conturbada, Jason Vieira, da Infinity, considera que o mercado de renda variável será campo de muita tensão. “Há oportunidades, mas é um cenário de maior risco”, diz. Como pano de fundo, estão a falta de clareza sobre como será um governo Trump e os escândalos no Planalto que culminaram com a queda de dois ministros. Os investidores terão que acompanhar de perto o andamento das reformas.·.

Em meio ao possível avanço da pauta econômica no Congresso, Christiano Ehlers, superintendente de investimentos do Santander, vê boas perspectivas para diversificação em bolsa, com uma primeira alocação no próprio Ibovespa. Ele ainda sugere os fundos multimercados, que fazem um mix de ativos e conseguem se mover rapidamente conforme as variações de tendências. Leite, da Tag, também recomenda os portfólios mistos como forma de capturar ganhos com as variações de tendência.