Diversificação de ativos é reforçada na gestão de private

Por Roseli Loturco | Para o Valor, de São Paulo  

O ano de 2019 tem se mostrado desafiador para os gestores de patrimônio dos milionários. As incertezas na pauta política e seus efeitos sobre a economia trazem doses adicionais de volatilidade a um ano que já previa certa instabilidade nos mercados por conta da votação da reforma da Previdência.

A preocupação é em relação ao impacto que a ‘reforma’ ou a ‘não reforma’ terá nos preços dos ativos financeiros que compõem parte do patrimônio de investimentos dessa indústria, que cresceu 20% em 2018, totalizando R$ 116,4 bilhões em volume administrado, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Volume este que, segundo os agentes financeiros, pode dobrar de tamanho este ano devido à alteração de norma da entidade. Até o ano passado, faziam parte das estatísticas de gestores de patrimônio as instituições aderentes ao Código Anbima. Volume este que, segundo os agentes financeiros, pode dobrar de tamanho este ano devido à alteração de norma da entidade. Até o ano passado, faziam parte das estatísticas de gestores de patrimônio as instituições aderentes ao Código Anbima. Mas o envio de dados era voluntário. A partir deste ano, com a mudança dos códigos de autorregulação, essas instituições serão obrigadas a informar o tamanho de suas carteiras à entidade.

Hoje, um dos maiores gestores de patrimônio do país, o BTG Wealth Management, que sozinho possui R$ 119,2 bilhões, não faz parte do levantamento. Em 2018, essa carteira avançou 35% em relação a 2017. “O crescimento se deu roubando muitos montes de outras casas. Este ano ainda há espaço para isso, mas acredito que também haverá a volta de geração de riqueza no país”, afirma Rafael Mazzer, manager do wealth management do BTG Pactual.

De 2016 pra cá, o executivo explica que tem havido muita instabilidade no Brasil e no mundo, o que tem imposto grande disciplina de alocação dos recursos. “A gente olha muito o Brasil, mas o cenário externo é que é a locomotiva”, diz Mazzer.

O executivo acredita que apesar dos desajustes na política, a economia deve voltar a crescer. “Apesar de fraca, a economia está em fase de recuperação e o juro baixo deixa o custo de capital também baixo. Já as empresas listadas em bolsa estão com boa alavancagem operacional. Com algum crescimento, o resultado dessas companhias deve melhorar.”

Há consenso entre os gestores de que uma forma de sobreviver às incertezas é a diversificação dos ativos administrados. “O leque é grande na renda fixa, nos multimercados e nas ações dentro e fora do Brasil. Isso diminui a volatilidade das carteiras e ajuda a bater o CDI”, orienta Jan Karsten, presidente da GPS Investimentos, que tem R$ 30 bilhões em gestão de patrimônio.

E ações foram o ativo que mais avançou dentro dessas carteiras em 2018, saltando de R$ 14,9 bilhões para R$ 20,5 bilhões. Como se trata de patrimônio que pode passar por gerações, esse é um público que normalmente é mais suscetível a correr risco. Mas ativos pré-fixados e atrelados à inflação, além das debêntures de infraestrutura, também estiveram em alta. “Este ano, as debêntures incentivadas ainda estarão no nosso radar. Muitas emissões estão pagando de 1 a 2 pontos percentuais acima dos títulos do governo, chegando a IPCA + 6%, 7%’, diz Karsten.

Mas os gestores lembram que nesse mercado, a qualidade dos serviços de assessoramento do conjunto do patrimônio das pessoas é o que faz a diferença. Na XP, que atende clientes com patrimônio a partir de R$ 10 milhões, e concentra R$ 55 bilhões em recursos de terceiros, esse é um pilar em constante aprimoramento. “De três anos para cá, estruturamos linhas de produtos e serviços qualificados em gestão de patrimônio para pessoas e empresas. Desenhamos carteiras e fundos exclusivos com capacidades de consolidar o patrimônio dos clientes”, explica Beny Podlubny, sócio e head da XP Private, que conta com o apoio de um comitê global de alocação de recursos, com operações em Genebra, Nova York e Miami.

Presente em 18 países, investiu na contratação de bankers de outras instituições financeiras para montar sua área de investimentos. “Temos economistas e estrategistas que visitam as famílias e os clientes. Estamos bem próximos dos herdeiros e desenvolvemos programas específicos para eles”, diz Antonio Costa, CEO da Azimut Brasil Wealth Management.

“Um dos desafios dos gestores de patrimônio é o de acertar duas vezes. Primeiro na escolha dos ativos financeiros. Segundo, a de optar pelos gestores parceiros”, explica Thiago de Castro, CEO da TAG Investimentos, cuja carteira avançou R$ 1 bilhão em clientes institucionais e R$ 550 milhões em pessoas físicas no ano passado, atingindo R$ 7,5 bilhões.