COLOQUE SUA CARTEIRA NA BALANÇA
Por Natália Flach | Para Empiricus
09/05/2017
Pouco a pouco, você assumiu o controle de suas finanças. Pagou suas dívidas, construiu um colchão de liquidez robusto e montou uma carteira de investimentos condizente com suas metas. Agora, está finalmente desfrutando de uma vida financeira mais saudável e independente. Gostaria de poder dizer que este é o fim da história, que, a partir deste instante, você não precisa mais acompanhar o vaivém de suas ações nem se preocupar com o efeito dos juros sobre seus títulos de renda fixa. Mas não é bem assim…
Para manter seu portfólio em perfeito estado, você precisa realizar checkups periódicos e promover ajustes em suas alocações quando necessário. Afinal, seus objetivos podem mudar ao longo dos anos – com o nascimento dos filhos ou com uma promoção inesperada no trabalho –, da mesma forma que o cenário econômico pode sofrer um revés repentino.
Mas não é somente por isso que você deve monitorar sua política de investimentos. Ao acompanhar de perto e rebalancear suas alocações, aumentam as chances de você conseguir um retorno financeiro maior. Afinal, rebalancear significa vender os ativos que se valorizaram ao longo do tempo e comprar aqueles que se depreciaram no período.
É isso que explica por que, de acordo com um estudo realizado pela gestora TAG Investimentos, o rendimento de um portfólio rebalanceado consegue superar o retorno da mesma carteira que não sofreu qualquer alteração durante 10 anos.
Ainda que não ocorram mudanças relevantes no cenário econômico nem nos seus objetivos de vida, é recomendável rever seu planejamento financeiro ao menos uma vez por ano, segundo Rodolfo Almstalden, sócio da Empiricus. “Mas o ideal mesmo é fazer isso semestralmente para criar certa disciplina em relação a seus investimentos.”
É bom lembrar que rebalanceamento envolve custos. Por isso, se a variação dos pesos das classes de ativos na carteira for de até 2 pontos percentuais (p.p), não faz sentido fazer um reajuste no portfólio. “Não há problema em carregar pequenos desvios, a não ser em categorias que tradicionalmente contam com uma participação muito pequena da carteira, como a de seguros, que pode responder por 5% do total. Neste caso, uma variação de 2 p.p. é significativa e, por isso, merece a atenção do investidor”, avisa o Rodolfo.
Já se a oscilação exceder esse patamar, você tem duas opções para tentar reduzir os custos operacionais:
1) se valer da boa e velha pesquisa de mercado para encontrar corretoras que isentam investidores de certas taxas (veja mais sobre isso no texto Corretoras – Custos Operacionais, na aba Relatórios extras e Guias do Você Investidor, disponível na sua área do assinante); ou
2) usar parte dos seus rendimentos para rebalancear sua carteira. “Você pode usar o dinheiro que recebe mensalmente (com aluguéis, por exemplo) para corrigir a alocação do portfólio, aumentando as categorias que estão defasadas. Desta forma, não precisa vender ativos e, consequentemente, arcar com corretagem, taxas e impostos”, ensina o Rodolfo, responsável pelo plano Programa de Riqueza Permanente.
Mas como saber qual é o melhor momento para fazer o rebalanceamento?, pergunta Roger M., assinante do WBC, clube de criação de riqueza que abrirá vagas para novos integrantes no dia 15 de maio. Há duas formas:
a) Rebalanceamento de calendário: A carteira é rebalanceada de acordo com uma periodicidade predeterminada – trimestral ou anualmente. A vantagem dessa estratégia é a disciplina de um monitoramento constante que ela impõe. Já a desvantagem é que, entre uma análise e outra, pode haver oscilações consideráveis que não são recalibradas.
b) Rebalanceamento por faixas de tolerância: O rebalanceamento ocorre quando há mudanças significativas no peso de cada classe de ativos da carteira. Esses valores são predeterminados em faixas de tolerância. Portanto, se você quiser ter 10% de ações em seu portfólio, pode aceitar uma exposição um pouco maior ou menor (de 12% ou 8%, por exemplo). Se esses limites forem ultrapassados, você deve fazer uma recalibragem. A vantagem desse método é que permite realizar realocações mais rapidamente.
Esta foi a metodologia usada pela TAG no estudo mencionado anteriormente. A carteira em questão era composta por uma alocação de 10% no índice Ibovespa, 20% em CDI, 20% em IRF-M (índice que tem como base títulos públicos com taxas prefixadas), 25% em IMAB-5 (índice que mede o comportamento de NTN-Bs com vencimento em até cinco anos) e 25% em IMAB-5+ (índice de NTN-Bs com vencimento acima de cinco anos).
“As bandas devem ser estabelecidas de acordo com a tolerância e a capacidade do investidor a risco”, afirma Francisca Brasileiro, responsável pela área de gestão estratégica de recursos de investidores institucionais da TAG. Para isso, o ideal é traçar limites para cada categoria, e um bom ponto de partida é pensar na renda variável: qual o máximo de perda do seu portfólio que você toleraria caso suas ações virassem pó?
Não é fácil, eu sei. Por isso, não se esqueça de que a saúde do seu bolso depende de checkups periódicos e de um balanceamento saudável.
Ao sucesso,
Natália