Carteiras de investimentos registram captação de R$ 77,85 bilhões em 2016
Adicionada a entrada de recursos em fundos estruturados com participações em projetos ou em fatias de empresas (FIPs), o segmento acompanhado pela Anbima soma R$ 84 bi em aportes.
Ernani Fagundes | 07/11/2016
São Paulo – Os fundos de investimentos registraram captação líquida de R$ 9,7 bilhões em outubro até o dia 28, conforme dados preliminares do mercado. Neste ano, o aporte dos cotistas já alcança o montante de R$ 77,85 bilhões, o triplo de igual período de 2015.
Segundo o relatório consolidado da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a preferência do investidor foi por fundos de investimentos em renda fixa, com entrada de R$ 39,98 bilhões no ano até 28 de outubro. Na segunda posição em atratividade, os planos de previdência abertos tiveram aportes de R$ 31,7 bilhões.
“O brasileiro é muito conservador e preferiu a aplicação em renda fixa em outubro. Os juros ainda estão muito atrativos, e a renda fixa continua como uma boa alternativa para novembro”, aponta o sócio-fundador da Integral, Carlos Fagundes.
Na terceira posição em captação no ano, os fundos multimercados exibiram entrada líquida de R$ 10,5 bilhões até 28 de outubro, puxados principalmente pela estratégia de diversificação em carteiras de investimento no exterior. “Mas na rentabilidade essas carteiras foram afetadas pela baixa do dólar”, complementou Fagundes.
Em outra subcategoria, a de multimercados macro, a captação em outubro atingiu R$ 1,5 bilhão, acumulando entrada de R$ 2,07 bilhões no ano. “Os multimercados macro acertaram muito bem o momento – bolsa para cima, dólar para baixo e a Selic começando a recuar – e mostraram bons resultados”, disse o sócio da gestora Tag Investimentos, Marco Bismarchi.
Em termos de rentabilidade bruta, os fundos de ações lideram na performance em 2016. Na média, carteiras indexadas a índices de ações como o Ibovespa tiveram ganhos de 45,53% até o dia 28 de outubro, enquanto fundos de ações livre tiveram valorização de 32,21%.
Mas mesmo com esses ganhos expressivos, essas carteiras de renda variável mostram resgate líquido de R$ 2,6 bilhões no ano, com saída de R$ 420 milhões em outubro. “Com a alta, os cotistas aproveitaram a forte valorização para realizar lucro. Mas em 36 meses [3 anos] tem gente que ainda não recuperou todas as perdas. Ele vende para sair [do fundo de ações] e aproveita os juros altos na renda fixa”, considerou o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Valdir Domenegueti.
Entre as demais carteiras, o professor explicou que a baixa da inflação proporcionou ganhos melhores nas aplicações. Os multimercados macro – por exemplo – mostraram rentabilidade média bruta de 18,94% nos últimos 12 meses.
No segmento de renda fixa, a subcategoria Simples – a mais acessível ao investidor de varejo pela internet das instituições – mostra rentabilidade bruta de 13,09% em 12 meses.
Em sequência, as carteiras de renda fixa de duração baixa e risco soberano – concentradas em títulos públicos – com R$ 223 bilhões em patrimônio tiveram ganhos de 14,04% em doze meses, similares a taxa de depósito interfinanceiro (DI).
As carteiras renda fixa de duração baixa e risco grau de investimento que possuem um patrimônio de R$ 573,6 bilhões em aplicações mostraram rentabilidade de 14,23% em 12 meses, acompanhando de perto a taxa básica de juros (Selic) que ficou em 14,25% na quase totalidade desse período. “Para 2017, o cenário é de fechamento de taxas”, avisou Carlos Fagundes, da Integral, sobre a possível queda gradual da taxa Selic, e dos pós-fixados em DI.
Quanto à estratégia para novembro e dezembro de 2016 e para o próximo ano, Marco Bismarchi, da Tag Investimentos, também alerta que “a curva de juros deve fechar”, o que possibilita lucros em carteiras com composição maior em papéis prefixados. “A curva deve terminar e tem prêmio nos prefixados”, ressaltou o sócio.
Sobre os riscos para fundos de ações em novembro, todos os consultados pelo DCI relacionaram o cenário externo. “Dependendo do resultado da eleição nos Estados Unidos [Trump eleito] pode ter algum stress com o dólar subindo. Mas o sistema americano é de contrapesos, Trump não conseguiria passar quase nada de suas promessas no Congresso, não seria algo apocalíptico”, amenizou Marco Bismarchi.
Previdência aberta
O professor da Fipecafi, Valdir Domenegueti, pontuou que a discussão sobre reforma da Previdência Social (pública) deverá incentivar o segmento de previdência complementar aberta (privada) em 2017. Os planos abertos (VGBLs e PGBLs) já reúnem R$ 585,57 bilhões em patrimônio. Em 12 meses, a rentabilidade da previdência renda fixa alcançou 14,86%, e a da previdência multimercados, 15,99%.
Na avaliação de Bismarchi, da Tag, os investidores de previdência também estão buscando por custos menores em taxas de administração. “Houve portabilidade de grandes bancos para gestoras com taxas menores”, assegurou.