07/11/2019 às 14h28

Bolsa é o novo título atrelado à inflação para ganhar no longo prazo, dizem gestores

Por Júlia Lewgoy | Para o Valor Investe

Até pouco tempo atrás, o investimento preferido do mercado para ganhar dinheiro no longo prazo eram os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, as antigas NTN-Bs. Com juros altos, era um jeito fácil dos investidores baterem suas metas, já que esses papéis rendem a inflação mais uma taxa de juros prefixada.

Agora, em tempos de juros baixos, a bolsa é o novo título atrelado à inflação, segundo alguns dos maiores gestores do país.

“Não consigo lembrar de um momento melhor para estar na bolsa do que o que estamos vivendo hoje”, afirmou Alexandre Silvério, CIO e responsável pela estratégia de renda variável da gestora AZ Quest.

Nesta quinta-feira (7), ele e outros gestores recomendaram que investidores institucionais e investidores pessoas físicas aumentem seus investimentos em renda variável com foco no longo prazo, durante um evento da gestora Tag Investimentos, em São Paulo.

Segundo Silvério, o momento atual reúne uma combinação inédita de queda de juros, no cenário macroeconômico, e perspectiva de crescimento das empresas, no cenário microeconômico.

“As empresas fizeram seu dever de casa durante a crise, melhoraram suas margens e agora têm a oportunidade de ter dívidas a juros mais baratos”, disse. “E essa combinação dos dois cenários ainda não está precificada.”

Isso significa que, na visão do gestor, as ações ainda estão baratas e vão se valorizar ainda mais.

O sócio-diretor da Equitas Capital, Luis Felipe Teixeira, compartilha da mesma opinião e reforça que a crise econômica trouxe efeitos positivos para as empresas da bolsa, que ainda vão trazer resultados melhores para os investidores.

“As empresas se tornaram muito enxutas, cortaram custos e automatizaram processos. Vemos uma recuperação do crescimento econômico, mas também das empresas, que estão com fundamentos muito bons”, disse.

A queda de juros no mundo quanto a sinalização do governo de que o ajuste fiscal continuará, inclusive após a aprovação da reforma da Previdência, reforçam a visão de que os juros baixos vieram para ficar e que a bolsa será a alternativa.

“O cenário de queda de juros agora é muito diferente do que no passado e não vai se reverter tão rápido”, disse Luiz Liuzzi, sócio-fundador e gestor da Kiron.

Os gestores também minimizaram o impacto dos riscos de desaceleração econômica global, que preocupa investidores no mundo todo, na bolsa brasileira.

“As exportações e importações representam menos de 20% do PIB brasileiro e a bolsa brasileira não é dependente do PIB. As nuvens negras estão lá, mas não vão se transformar em tempestade”, disse Silvério.

A presença de investidores estrangeiros na bolsa brasileira ainda deve permanecer pequena, na visão dos gestores, e os investidores locais serão suficientes para fazer a bolsa subir além dos 109 mil pontos onde chegou.

“A visão do estrangeiro em relação ao Brasil ainda é distante e preconceituosa e isso não vai mudar no curto prazo”, afirmou Silvério.