07/11/2019

GESTORES DE RENDA VARIÁVEL DEFENDEM QUE BOLSA SERÁ A NOVA NTN-B PARA O INVESTIDOR

Por Karla Spotorno | Para Agência Estado

A Bolsa hoje é uma alternativa às NTN-Bs que, por muitos anos, inclusive em 2019, garantiram o cumprimento das metas atuariais de fundações de previdência privada acima da inflação. A avaliação é de Luiz Liuzzi, sócio-fundador e gestor de renda variável da Kiron Capital. Ele entende que as condições macro – Selic baixa e austeridade fiscal – e microeconômicas – desalavancagem financeira das empresas, por exemplo – permitem concluir que a valorização de ações vai acontecer bem acima da inflação, em linha com o aumento de lucros das empresas listadas diante da atual tendência de crescimento do PIB.

“Não lembro de um momento como o atual para Bolsa nesses 25 anos em que trabalho com renda variável”, diz o diretor de investimentos e gestor de renda variável da AZ Quest, Alexandre Silvério, no evento da Tag. “Temos juros baixos, com ancoragem fiscal, e, além disso, mudanças na parte microeconômica muito importantes”, concordou Silvério, argumentando que as companhias fizeram uma reorganização interna – operacional e financeira – que favorece o crescimento daqui em diante. “Essa combinação de melhores condições macro e microeconômicas ainda não está precificada na Bolsa brasileira”, afirmou Silvério.

Silvério estima que o fluxo para o mercado de ações pelos gestores de fundos de investimentos nos próximos anos vai garantir a valorização da Bolsa brasileira. Ele entende que tanto fundos de ações quanto a parcela de renda variável nos fundos multimercados irão crescer, podendo chegar a 20% do total sob gestão na indústria de fundos, que tem mais de R$ 5 trilhões sob gestão. Atualmente, a parcela da indústria alocada em ações está em torno de 8%.

Nesse contexto, Silvério argumenta que a tendência de alta da Bolsa prescinde do aporte do investidor estrangeiro, que acumula um saldo negativo de aproximadamente R$ 30 bilhões neste ano. O gestor da AZ Quest diz que o estrangeiro ainda tem receio com o Brasil. “Ontem [dia do leilão da cessão onerosa, que frustrou a perspectiva de ingresso de recursos internacionais] foi um exemplo claro disso”, afirmou o gestor. “Vai levar muito tempo para reconstruirmos a confiança do investidor estrangeiro no Brasil, que ainda enxerga o País de forma distorcida e preconceituosa. Acredito que o estrangeiro vai voltar. Quando isso acontecer, ele vai voltar pagando preços muito altos”, diz Silvério.

Também presente no Tag Summit, o sócio-diretor da Equitas Investimentos, Luis Felipe do Amaral, concorda e vê um lado positivo na ausência do estrangeiro. “É algo benéfico porque tira a pressão sobre os preços”, diz Amaral.