IPCA dentro da meta em 2016?

Sexta-feira, 09/12/2016, às 10:51, por Thais Herédia

Quem diria? A inflação despencou em novembro e abriu uma chance considerável de o IPCA terminar o ano dentro da meta definida pelo governo. Lembrando, a meta é de 4,5% com tolerância de até 6,5%. Se ficar dentro da meta, a vitória é da recessão. Se ficar por pouco acima da meta, a derrota é do Banco Central – importante dizer que a responsabilidade maior pelo processo inflacionário que corroeu a renda dos brasileiros é da gestão passada e não do atual BC. Nenhuma das alternativas consola ou resolve nossos problemas, mas é o que temos.

Vamos aos números do mês passado. O IPCA de novembro veio bem abaixo do esperado pelos economistas. O índice ficou em apenas 0,18%, quando mercado estimava 0,27%. Em novembro do ano passado, a inflação oficial foi de 1,01%. Saiu um número muito ruim e entrou um muito bom. Os preços dos alimentos contribuíram bastante para o resultado final do IPCA. O feijão, que encareceu demais a conta do supermercado este ano, caiu 17% no mês passado. Olhando para o ano todo, o índice acumula alta de 6,99%.

Para ficar em 6,5% em 2016, o IPCA de dezembro não pode ultrapassar 0,50%. A estatística vai ajudar muito porque em dezembro do ano passado a inflação ficou em 0,96%. Não é impossível que isto aconteça e, por enquanto, a única fonte de pressão sobre os preços é o aumento da gasolina anunciado há poucos dias pela Petrobras. Até a inflação de serviços, que está no centro das preocupações do Banco Central, está cedendo com mais intensidade.

“Agora em novembro a inflação de serviços ficou em 0,42%, contra 0,47% de outubro. Em um ano, ela caiu de 6,88% para 6,84%. Mas quem está fazendo trabalho incrível é a recessão. O IPCA de novembro dá mais uma demonstração de que o BC pecou pelo excesso na última reunião do Copom”, analisa o economista André Leite, da TAG Investimentos.

Como já defendi aqui no blog, o Banco Central perdeu uma boa oportunidade de jogar uma boia na economia em frangalhos, reduzindo mais a taxa de juros na última reunião do Copom na semana passada. Agora teremos que esperar até janeiro. Sempre podemos ver as coisas sob uma perspectiva de mais longo prazo e enxergar um mês com pouca influência no curso da história. Depois de todo revés sofrido nas expectativas para a recuperação da economia nos últimos dias – sem falar do caos político e institucional – um mês pode sim fazer diferença. Poderia.